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HISTORIA DA MISSÃO SCALABRINIANA NO RIO DE JANEIRO -1954-2017

 

1° MOMENTO – DE 1954 A 1956. DA ORIGEM DA PRESENÇA SCALABRINIANA EM BRAS DE PINA ATÉ A 2ª RESIDÊNCIA EM BOTAFOGO.

 

 

 

PARÓQUIA SANTA CECÍLIA E SÃO PIO X – BOTAFOGO – RJ

 

A presença Scalabriniana no Brasil começou nos estados da Região Sul. Somente depois de 67 anos os Superiores decidiram abrir uma missão no Rio de Janeiro. O início foi no dia 3 de setembro de 1954, data da canonização de São Pio X, o qual foi escolhido como padroeiro dessa missão. A escolha foi pelo santo ter recebido de Scalabrini a proposta para criar uma estrutura eclesial a serviço dos migrantes. O fato ocorreu em Piacenza, no dia 5 de maio de 1905, e a proposta teve como título: “Pro emigratis catholicis”.

 

A Congregação dos Missionários de São Carlos, fundada por São João Batista Scalabrini, inicialmente para os migrantes italianos, quando começou a atuar no Rio de Janeiro, teve também como missão acolher e acompanhar os migrantes italianos que vieram para o Brasil após a 2ª Guerra Mundial.

 

Em 1954, chegam os primeiros missionários, o Padre Mário Rimondi e Antônio Gallo, que se instalam longe do Centro do Rio, na Rua Aturia, nº 110, no Instituto Nossa Senhora das Dores, na antiga Estrada do Quitungo, em Brás de Pina. Entretanto, conforme os anais, Dom Helder Câmara, Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro, havia pedido também um missionário para acompanhar os migrantes internos, já que no Brasil ocorria a migração de milhares de nordestinos para o Sudeste, de modo especial São Paulo e Rio de Janeiro.

 

Com a vinda dos missionários Scalabrinianos, a partir do dia 13 de fevereiro de 1955, na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos (Irmandade), na Rua Uruguaiana, Centro do Rio, as celebrações das missas passam a ser em italiano. Neste mesmo ano criou-se na Rua Churchil, nº 60 (Próximo ao Porto), a Sede Nacional da Comissão Católica de Migrações da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). E no dia 20 de junho de 1956, o Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara erigiu canonicamente a “Missão Católica Italiana”, nessas dependências, no Rio de Janeiro.

 

Com o sonho de possuir uma sede própria, no dia 12 de outubro de 1956, foi assinado o contrato de “promessa de compra” de um terreno, pela Pia Sociedade dos Missionários de São Carlos, à Rua Álvaro Ramos, nº 385, em Botafogo.

 

No dia 4 de fevereiro de 1957, os Missionários deixam o Instituto Nossa Senhora das Dores e passam a residir neste terreno. E em 4 de novembro, o quadro de Santa Cecília, venerado na capela atrás do antigo Colégio Legrand (hoje Colégio Objetivo Botafogo), é levado para a garagem existente no local, transformando-o em igreja provisória.

 

As obras de construção tiveram início em 9 de junho de 1958. E no dia 7 de setembro do mesmo ano, foi abençoada a Pedra Fundamental da Igreja definitiva e do Centro de Assistencial Católico Italiano São Pio X, inaugurado em 24 de junho de 1959, hoje Vila do Sol. Na mesma data foi inaugurada a capela provisória e eregida canonicamente a “Paróquia Pessoal dos Italianos”, sendo também eleito o primeiro Pároco dos Italianos, o Pe. Mário Rimondi. No evento estiveram presentes autoridades Civis e Religiosas do país, o Presidente da República Juscelino Kubitschek, o Presidente da República Italiana Giovanni Gronchi, o Núncio Apostólico Dom Armando Lombardi, o Arcebispo Dom Jaime de Barros Câmara e o Superior Provincial Scalabriniano Pe. Mário Rimondi.

 

Diante da ampliação da missão e do trabalho, em 1958 chega o Pe. João Lorenzatto como Capelão do Instituto N. S. das Dores. Assim, oficialmente duas residências Scalabrinianas passam a funcionar no Rio de Janeiro; (RETIRAR passam a funcionar) em Brás de Pina (1954) e em Botafogo (1958).

 

 

Por volta de 1965, como a coletividade italiana vive integrada em suas respectivas paróquias de residência, as autoridades da Arquidiocese e o pároco concordam em transformar a “Paróquia Pessoal dos Italianos”, dedicada a São Pio X, numa paróquia territorial para a população. No dia 17 de abril de 1966, é instalada oficialmente a paróquia dedicada à Santa Cecília e São Pio X e Pe. Mário Rimondi é nomeado primeiro pároco da nova igreja.

 

 

PARÓQUIA SANTO ANTÔNIO – BRAS DE PINA – RJ

 

É neste Contexto que nasce a atual Feira São Cristovão ou também a Feira Nordestina assim conhecida porque era feita ao estilo Nordestino e ao ar livre no Bairro São Cristovão, centro do Rio (Atualmente se encontra juridicamente organizada no mesmo Bairro na qual o visitante encontra o mundo, a história, a tradição, a gastronomia, as devoções…do Nordeste. Hoje porém já com um rosto capitalista com pequenos Reinos no seu interior).

 

Ao mesmo tempo, conforme os anais, Dom Helder de Barros Câmara também havia pedido um Missionário para acompanhar os Migrantes Internos, mas o foco permaneceu nos Italianos por dois motivos: 1º pelo carisma que ainda não tinha sido aberto às demais culturas e etnia e 2ª pelo fato de que os primeiros missionários eram Italianos para os Italianos conforme vimos acima.

 

Nota do Autor: (A fidelidade criativa ao Espírito na abertura às novas culturas só chegou mais tarde na Congregação e a devoção pessoal a um Santo (a) nunca é suficiente para abrir uma nova missão e nem é suficiente para responder aos apelos gritantes e urgentes das migrações forçada. Na época o êxodo interno era imenso, porém invisibilizado pelos Scalabrinianos do RJ. Talvez porque o carisma ainda era entendido de forma exclusiva conforme afirmavam as Regras de vida do Instituto: “Um carisma Italiano para os Italianos”

 

Em Brás de Pina residiam muitos dos migrantes do Nordeste que estavam chegando em massa naquele momento e havia uma comunidade significativa de imigrantes Portugueses que lá viviam. Mas os Scalabrinianos não vieram para os Italianos?  Aqui então como podemos imagina, começam a aparecer as primeiras dificuldades, conflitos e contradições na missão dos dois Missionários Italianos nascidos em o Norte da Itália e que foram enviados para atender e acompanhar as Comunidades Italianas residentes no Rio. Um detalhe importante a ser dito e que se constitui decisivo para entender a historia que segue: A maioria dos imigrantes Italianos residentes na Cidade do Rio de Janeiro vinham do Sul da Itália os quais na época já estavam sendo acompanhados pela Família Franciscana com seus missionários. (Como todos conhecem e sabem, tanto o Brasil, como a Itália tem dificuldade de relacionamento cultural entre o Norte e Sul e isso repercute muito forte no cotidiano da vida do povo em todas as suas dimensões)

 

 

 DIFICULDADES E CONSOLIDAÇÃO DA MISSÃO SCALABRINIA NO RIO

 

Os Missionários no dia 13 de fevereiro de 1955 passaram a celebrar em Italiano na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos (Irmandade) na Rua Uruguaiana – Centro do Rio, a qual ainda hoje lá se encontra. Conforme os registros foram nesta Igreja dos Afro Brasileiros que os Missionários Scalabrinianos celebraram a 1ª missa em Italiano.

 

Neste mesmo ano também deram início a uma presença na Rua Churchil, 60 (Próximo ao Porto) Sede Nacional da Comissão Católica de Migrações da CNBB.

 

No dia 20 de junho de 1956 o Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara erigiu canonicamente a “Missão Católica Italiana” (Não Paróquia Nacional ou Pessoal) do Rio de Janeiro, funcionando naquelas dependências.

 

Com o sonho de possuir uma sede própria, no dia 12 de outubro de 1956 foi assinado o contrato de “promessa de compra” de um terreno pela Pia Sociedade dos Missionários de São Carlos à Rua Álvaro Ramos, 385. No dia 04 de fevereiro de 1957, os Missionários deixam o Instituto N. S. das Dores e passam a residir no terreno do Botafogo.

 

No dia 04 de abril de 1957, por divergências quanto à orientação da Obra, a Congregação retira o Missionário que trabalhava na Comissão Católica de Migrações.

 

2° MOMENTO DA HISTORIA – DE 1957 A 1958 – DA 2ª RESIDÊNCIA, PAROQUIA PESSOAL DOS ITALIANOS E OBRAS SOCIAS DE ASSITÊNCIAIS À OFICIALIZAÇÃO DA PAROQUIA TERRITORIAL SANTA CECÍLIA E SÃO PIO X.

 

No dia 04 de novembro de 1957, o quadro de Santa Cecília que era venerado na capela atrás do atual Colégio Legrand é levado para a garagem da Álvaro Ramos, 385, transformada em Igreja provisória. No dia 09 de junho de 1958 começam as obras de construção de um salão que servirá de Igreja provisória e no dia 24 de junho seguinte é inaugurado um ambulatório médico (Doado ao CCAI – Ordem de Malta)

 

No dia 07 de setembro de 1958 é uma data importante porque foi: 1° abençoada a Pedra Fundamental da Igreja definitiva e do CACI “Centro de Assistencial Católico italiano São Pio X.” (Atual Vila do Sol) 2°É inaugurada a Capela Provisória. 3° É foi erigida a “Paróquia Pessoal dos Italianos e 4º foi eleito o 1° Pároco dos Italianos na pessoa do Pe. Mário Consoni. Nestes quatro Eventos simultâneos estiveram presentes as mais importantes autoridades Civis e Religiosas do País como: O Presidente da República Juscelino Kubitschek,  Presidente da República Italiana Giovanni Gronchi, o Núncio Apostólico Dom Armando Lombardi, o Arcebispo Dom Jaime de Barros Câmara, e o Sup. Provincial Scalabriniano Pe. Mário Rimondi. (Texto  encontrado no Pergaminho: “…lapidem primariam exstruendi templi aliarumque aedium in honorem S. Pii X Papae). Como podemos ver o sonho era grande e as forças missionárias não haviam aumentado.

 

Diante da ampliação da missão e do trabalho foi necessário o envio de mais Missionários e então no ano de 1958 chegou o Pe. João Lorenzatto como Capelão do Instituto N. S. das Dores na Estrado do Quitungo primeira residência doa primeiros missionários. A partir de 1958 temos então oficialmente duas residências Scalabrinianas no Rio de Janeiro: A primeira em Brás de Pina (1954) e a segunda em Botafogo (1958)

 

3° MOMENTO – DE 1959 A 1966 – CRIAÇÃO DA PARÓQUIA TERRITORIAL SANTA CECÍLIA E SÃO PIO X E PORQUE SUA DUPLA IDENTIDADE.

 

Já em 1959 o Pe. João celebrou a 1ª missa no terreno da Atual Paróquia Santo Antônio e em 1960 foi abençoada a Pedra Fundamental e a Imagem do Padroeiro Santo Antônio, Imagem querida e amada pelos Portugueses, tanto é verdade que já em 1961 se inaugurou a 1ª Igreja com a oficialização jurídica como Paróquia Santo Antônio por Dom Jaime de Barros Câmara.

 

Esta conquista rápida de tão importante obra só foi possível graças ao trabalho incansável e voluntário, o sacrifício, a fé e as contribuições da Comunidade local (Migrantes Internos) e Portuguesa a qual celebrou seu jubileu de Ouro em 2009. No ano seguinte, em 2010 foi entregue à Diocese sob o comando de Dom Orani Tempesta.

 

Por volta de 1965 a coletividade Italiana do Rio de Janeiro (Em sua grande maioria oriunda do Sul do País) encontra-se bastante dividida e desorganizada, sem dizer que também já se sente bastante integrada em suas respectivas paróquias de residência. Já não se sustenta a idéia de uma “Paróquia Pessoal” para os Italianos. As autoridades da Arquidiocese e o pároco “pessoal” de turno começam a pensar na hipótese de transformar a “Paróquia Pessoa” dos Italianos, dedicada a São Pio X, numa Paróquia Territorial para a população que vive próxima da mesma.

A idéia vinga e, no dia 17 de abril de 1966 é instalada oficialmente a Paróquia Territorial dedicada a Santa Cecília e São Pio X. Agora vamos ver a origem dos dois nomes dados a paróquia.

 

Em 1956 na Rua Álvaro Ramos, 385 – Botafogo, funcionava a Paróquia Pessoal dos Italianos São Pio X e há uma quadra (Atual Colégio Legrand) já existia uma capela dedicada a Santa Cecília.

 

Vamos conversar com José Antônio Mourique Coutinho Bisneto de Luis Alves Teixeira, Músico e Imigrante Português doador e construtor da primeira capela Santa Cecília no lugar aonde hoje se encontra o Colégio Legrand situado a uns metros da atual paróquia.

 

Construção e inauguração da Primeira Capela de Santa Cecília

 

A primeira capela de Santa Cecília foi criada por um imigrante português na mesma rua onde hoje está edificada a Paróquia de Santa Cecília e São Pio X, na Rua Álvaro Ramos, em Botafogo, Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro.

 

E quem conta como surgiu a ideia da construção é José Antônio Mourique Coutinho, bisneto de Luis Alves Teixeira, o imigrante português, músico, doador e construtor da capela, que funcionava atrás do antigo Colégio Legrand (hoje Colégio Objetivo Botafogo), localizada a poucos metros da atual paróquia.

 

 

Antonio José Mourique Gordilho

  

1- Como era seu bisavô?

 

Eu o conheci através da minha mãe, Eulina, que gostava de contar histórias dos nossos antepassados. Por isso, tenho uma boa imagem dele.

 

Chamava-se Luis Alves Teixeira e chegou ao Brasil, vindo de Portugal, ainda pequeno, instalando-se no Rio de Janeiro, cidade onde cresceu e viveu. E ainda foi pai de uma única filha, minha avó, Augusta Teixeira.

 

Meu bisavô morava na Rua Álvaro Ramos, em Botafogo, possuía uma carvoaria, na Rua General Severiano, no mesmo bairro e também trabalhava em imobiliária.

 

Como era músico, tocava órgão, foi um dos organistas na Igreja São João Batista da Lagoa, também em Botafogo, única igreja do local, à época.

 

2- Como foi a doação do terreno para a construção da capela de Santa Cecília?

 

Em 1880 meu bisavô teve uma doença nas mãos que o impedira de tocar órgão. Sendo muito religioso e devoto de Santa Cecília, fez uma promessa à Padroeira da Música, pela sua cura e prometeu construir uma capela em homenagem à Santa. Num curto período de tempo suas mãos estavam saradas e ele voltou a tocar o instrumento.

 

Cheio de fé e gratidão, comprou um terreno, iniciou a construção e coordenou toda a obra da capela, onde hoje está o Colégio Objetivo Botafogo, na Rua Álvaro Ramos, em Botafogo. E depois de quatro anos, em 1884, a capela foi inaugurada.

 

3- Pode descrever a capela?

 

Para chegar à capela havia quatro lances de escada com dez degraus cada um e um platô na entrada com mais cinco degraus, que simbolizavam os dedos da mão doente. Nas áreas laterais da capela havia dois lindos jardins. No interior da capela, o piso era de mármore, bancos de carvalho, teto com pinturas que imitavam o céu e, nas paredes laterais, nichos para as imagens dos santos.

 

Havia muitas atividades religiosas e sociais, mas os momentos mais importantes eram a festa da padroeira e o Natal. Era um espaço de encontro, comunhão, celebração e de solidariedade a todos os moradores.

 

4- Quais eram os padres responsáveis pelas celebrações na capela?

 

Os padres da Igreja São João Batista eram nossos celebrantes também, porque devido à localização, a capela estava sob a responsabilidade da paróquia. Alguns Freis Agostinianos, da Paróquia Santa Mônica, no bairro do Leblon, também celebravam na capela.

 

Depois, em 1940, quando foi fundada a Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, localizada na Av. Lauro Sodré, nº 83, em Botafogo, a capela passou a pertencer a esta.

 

Em seguida, para melhor atender a todos os moradores e administrar os sacramentos, o Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara, RETIRAR VÍRGULA decidiu criar a paróquia territorial, mantendo os dois nomes dos santos, Santa Cecília e São Pio X, com a predominância de Santa Cecília por ter uma capela mais antiga.

 

Assim, em 1966, era criada a Paróquia Territorial Santa Cecília e São Pio X e feito o translado da imagem da Santa Cecília da “capela do colégio”, em procissão, com banda e orações. A imagem foi conduzida para a primeira igreja da santa, situada nos fundos da paróquia atual, na Rua Álvaro Ramos, nº 385.

 

A intuição do Bispo de homenagear os dois santos em uma paróquia foi uma decisão acertada em prol do fortalecimento da comunhão na diversidade, razão do nosso carisma e da missão scalabriniana no rio de janeiro.

 

4° MOMENTO DE 1966 A 1976 NO SEU 10° ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO

 

Conforme documentos escritos nestes primeiros dez anos de historia a paróquia funcionou igual que qualquer outra paróquia sem nenhuma novidade importante. Na época o Bairro do Botafogo era quase todo residencial constituído por imigrantes portugueses, italianos, espanhóis, judeus e de vários Estados do País. Havia cerca de 15 mil moradores. Já existiam a Casa da criança, o Colégio Santo Amaro, Sanatório de Botafogo que já não existe, Casa de repouso da Rua Arnaldo Quintela e a Vila do Sol. Havia também várias escolas e hospitais.

 

Nestes primeiros dez anos de história já não se fala quase nada de migração a não ser da Obra social aos Idosos da Vila do Sol. Era uma paróquia territorial igual que todas as que existem. Porém toda vez que os migrantes se movem, eles movem a historia e nesta fase começa chegar os primeiros refugiados da ditadura militar da Argentina e em seguida do Chile.

 

5° MOMENTO DE 1977 A 1987

 

Nesta fase da historia estávamos no auge das Ditaduras Latino Americanas que causaram um êxodo forçado de dimensões inéditas. Nesta época foi quando a paróquia exerceu sua missão conforme o carisma.

 

Chegavam muitos imigrantes dos Países limítrofes que fugiam da violência para buscar segurança, paz, trabalho e pão. Neste momento a pedido do Cardeal dom Eugênio Sales para que a paróquia acolhesse os refugiados das ditaduras em processo nos vários Países Sul americanos. Entre os anos 60 a 80 chegaram muitos refugiados dos Países da América do Sul que estavam sob o regime militar.

 

O então Arcebispo Dom Eugênio Sales deu início a acolhida aos refugiados no próprio palácio episcopal da Glória e ao mesmo tempo pediu ajuda aos Missionários Scalabrinianos de Santa Cecília e São Pio X. Nesta época foi quando o carisma entrou no coração da paróquia e se desenvolveu um ótimo trabalho de acolhida e pastoral com as famílias dos refugiados.

 

Se tratava de um serviço de proteção passageira porque a intenção dos que chegavam era de continuar viagem em Países mais distantes por medo de serem perseguidos e mortos, por isso que não temos registros deste trabalho, porém existem muitas testemunhas vivas que o comprovaram em várias entrevistas realizadas por mim. (Caritas, Assistentes Sociais e Voluntários)

 

6º MOMENTO – DE 1988 A 2010

 

Nesta fase da história da Missão Scalabriniana no Rio a Assembléia Provincial depois de muita reflexão percebeu a necessidade de rever as presenças no Rio em vista do carisma específico.

 

Diante da caminhada do Movimento Leigo Scalabriniano que fez memória do carisma e atualizou a presença de Scalabrini nas paróquias, obrigou tomadas de decisões em muitas posições e no Rio o grupo leigo da Paróquia Santo Antônio ajudou aos missionários tomarem posição clara em favor dos migrantes internos e dos refugiados.

 

Criou-se uma casa de acolhida e deu-se à Paróquia um rosto novo nas celebrações, semana e dia nacional do migrante com a presença e a participação dos mesmos na vida da comunidade.

 

Assim aconteceu na Paróquia Santa Cecília e São Pio X aonde os leigos e Missionários tomaram importante decisões: Deu-se início a um trabalho com Marinheiros e com as comunidades de Imigrantes especialmente dos Países de língua Hispana, com um serviço de acompanhamento e de celebrações em espanhol.

 

Considero que com a chegada do Movimento Leigo Scalabriniano ajudou a redescobrir o Fundador e a revitalizar o carisma. Foi uma benção e é uma graça a presença leiga na Congregação e na Igreja.  A missionariedade ganhou e se fortaleceu.

 

No ano de 2010, porém diante da carência de missionários e da necessidade de unir forças a Direção Provincial decidiu entregar a Paróquia Santo Antônio aos cuidados da Arquidiocese e se fortaleceu a comunidade do Botafogo para a missão específica com os migrantes, refugiados e marinheiros, sem deixar de cuidar e acompanhar os migrantes internos residentes na mesma e as demais coletividades históricas principalmente os Italianos e Portugueses.

 

7° MOMENTO – DE 2010 Á 2017 COM DESTAQUE AO ANO DO JUBILEU DE OURO (2016)

 

Nesta fase da história, a Missão além de passar por uma renovação e reforma geral das estruturas físicas, graças a colaboração de pessoas amigas, sensíveis e solidárias com a Missão sob a coordenação e a supervisão do Pároco Pe. Cesar Ciceri foi consolidando-se e fortalecendo-se em relação ao seu carisma.

 

Nesta direção tivemos avanços significativos num trabalho importante junto ao Porto do Rio e um atendimento menor e temporário em outros dois Portos: O de Macaé ao norte e no de Itaguaí ao Sudoeste do Estado.

 

Em relação ao carisma fortaleceu-se a Pastoral do Migrante em suas várias e diferentes dimensões:

 

Na acolhida e assistência, no acompanhamento espiritual, na incidência política, social e eclesial, na dimensão cultural e Acadêmica e no apoio à organização dos próprios migrantes. Atualmente a Missão Scalabriniana é uma referência para toda a cidade e para Igreja no tema das migrações e do Apostolado do Mar.

 

Destacamos o ano de 2011 em que na Missão Scalabriniana do Rio por primeira vez teve a experiência da convivência com um irmão Religioso de Teologia (estagiário) na comunidade Local.

 

Com a reforma geral da estrutura da Missão sob o comando do Pe. Cesar, também foi feito a pintura interna da Igreja com estilo artístico moderno e com todas características migratórias dando assim ênfase ao carisma pelo Religioso Scalabriniano Sérgio Riciutto (Italiano). É única com este estilo na Arquidiocese do Rio.  (Ver abaixo)

 

 

O Bom Samaritano como modelo para todos (Pintura do Presbitério)

 

 

Scalabrini e o Bom Samaritano – paralelo na continuidade da história do povo de Deus

 

 

No ano de 2016 foi celebrado o jubileu de ouro da Paróquia com muita a participação do Cardeal Dom Orani Tempesta, o Superior Regional Pe. Agenor Sbaraíni e diversos sacerdotes Diocesanos e Scalabrinianos.

 

Foi um momento de ação de graças e de festa para toda a comunidade. Na ocasião o Pe. Mário Geremia deixou registrado o sentido e o significado da celebração dos 50 anos (1966-2016) em sete palavras:    

 

1-GRATIDÃO pela participação de todas as pessoas e da comunidade na construção desta linda historia de amor, de promoção humana e de comunhão durante estes 50 anos.

 

2-CELEBRAÇÃO da vida e das condições dignas para que todas as pessoas tenham vida e vida plena. (Jo. 10, 10). Em comunhão com o ano da MISERICORIDIA NA IGREJA.

 

3-RECONHECIMENTO pela historia de acolhida aos migrantes, refugiados pobres e marinheiros através da Missão Scalabriniana do Rio de Janeiro (Santo Antônio – Brás de Pina e Sta. Cecília e S. Pio X – Botafogo)

 

4-CONTINUIDADE do carisma original desta missão, o de acolher, escutar e acompanhar sócio e espiritualmente as pessoas, através dos serviços, movimentos e das pastorais em comunidade.

 

5-COMPROMISSO com as pessoas deslocadas e forçadas a migrar por razões econômicas, políticas, sociais e climáticas. Compromisso com as conseqüências e os desafios atuais das migrações e do refúgio sem precedentes na história da humanidade.

 

6-CUIDADO sensibilidade e responsabilidade para com o meio ambiente, o planeta em que vivemos e habitamos, nossa casa comum. “Laudato Si” (Papa Francisco). Colocando no centro o cuidado com SER HUMANO como administrador responsável da mesma.

 

7-ESPERANÇA na certeza de um futuro de justiça e paz para todos os povos e culturas, na construção de uma convivência fraterna e solidaria numa só família.

 

Na semana do Migrante do ano de 2017-2018 foi muito intensa e participada em suas várias dimensões: No mundo acadêmico, político, social, cultural e sobretudo na dimensão religiosa com várias celebrações em diferentes Igrejas, Santuários e locais da Diocese.

 

Em muitos momentos e lugares ou a palavra e o conceito de um trabalho, de eventos e de momentos culturais com Refugiados e me perguntei: Porque só se fala de Refugiados e quase nada se comenta sobre Imigrantes, migrantes e marinheiros na Arquidiocese do Rio de Janeiro? Depois de muito pensar e buscar uma resposta ficou claro que só se fala daquilo que o coração sente e concluí então de que até então a Igreja Particular no Rio nunca teve uma pastoral do migrante e um Apostolado do Mar, nem mesmo os Scalabrinianos com seu carisma deixaram marcas importantes neste sentido.

 

Isto só aconteceu nas últimas décadas e por isso que os migrantes e marítimos continuam invisíveis. Outro motivo é porque a sociedade Carioca por viver numa cidade turística, identifica e confunde o migrante e o imigrante com o turista, portanto, mais uma vez ficam invisíveis e esquecidos.

 

Atualmente depois de tanta semeadura e de conscientização na sociedade, no governo e na Igreja sobre o tema das migrações e da necessidade de unificar a linguagem, ações e atitudes em torno do desafio das migrações, do refúgio, dos marítimos, do tráfico de pessoas… já existe uma maior sensibilidade em relação a esta realidade. Tudo isso graças ao trabalho dos Missionários Scalabrinianos e da Equipe de Pastoral do Migrante na Arquidiocese com os leigos (as) Scalabrinianos, a qual, vai produzindo seus primeiros frutos.

 

Nota: As comunidades Scalabrinianas no Rio – Santa Cecília e Santo Antônio – tiveram em algum momento específico no passado atuações com refugiados). A primeira nos anos 70 e a segunda na 1ª década do novo século.

 

Destacamos também, um trabalho sério, organizado e sistemático nos últimos anos no Porto junto aos marinheiros e no mundo do mar. (Por algum tempo houve atividades pastorais e outros Portos do Estado do RJ (Macaé e Itaguaí conforme comentamos acima). Atualmente estamos presente com o Apostolado do Mar apenas no Porto do Rio capital.

 

O sonho é construir e formalizar a Pastoral da Mobilidade Humana na Diocese do Rio pela sua variedade de serviços que já existem com as pessoas que trabalham no Mar, na Terra e no Ar. (Apostolado do Mar, Pastoral do Migrante e do turismo)

 

Nos anos 2017 e 2018 tivemos a alegria da presença de coirmãos religiosos estudantes de teologia Vietnamitas: Nguyen Van Toan e Nguyen Tien Khiem. Foi uma linda experiência conviver com culturas e espiritualidades totalmente diferentes (Brasil, Itália e Vietnam).

 

Foi uma experiência que enriqueceu a comunidade e a mesma ficou mais rica e dinâmica. Acreditamos que a formação e a missão devem caminhar juntas porque ambas se necessitam e se complementam mutuamente.

 

“O mundo caminha de pressa e nós não podemos parar” (Scalabrini)

 

Rio de Janeiro, Dezembro de 2018

 

Fontes: Livro Tombo e entrevistas com testemunhas da história viva.

 

Pe. Mário Geremia CS – Superior Local

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